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Coronavírus Durante a Gestação e Armazenamento de Sangue de Cordão
Muitas pessoas entraram em contato com a Fundação Parent’s Guide to Cord Blood com perguntas sobre o novo coronavírus COVID-19. Reunimos um resumo das Perguntas Frequentes para pais e profissionais.
A sociedade profissional de obstetras nos Estados Unidos, ACOG, diz que os dados disponíveis no momento não indicam que mulheres grávidas correm um risco maior de contrair COVID-191. No entanto, quando as mulheres grávidas contraem infecções respiratórias, elas são conhecidas por estarem em maior risco de apresentarem sintomas graves. Por isso, mulheres grávidas “devem ser consideradas população de risco para a COVID-19”1. Gestantes durante a pandemia do coronavírus devem seguir as precauções para evitar a exposição à COVID-19. Gestantes com suspeita de COVID-19 devem informar o seu médico imediatamente.
É importante ressaltar que o novo coronavírus COVID-19 não é um vírus da gripe2. No entanto, os sintomas da COVID-19 são semelhantes à gripe, e a maneira como se dissemina é semelhante à gripe, portanto, neste material, baseamos parte de nossas orientações em pesquisas anteriores sobre gravidez e vírus da gripe.
Durante a gravidez, ocorrem mudanças no sistema imunológico para prevenir que o corpo da mãe reconheça o seu bebê como estranho e o ataque. Mas essas mudanças significam que as gestantes têm menor imunidade à doença3. Mulheres grávidas também apresentam aumento da carga no coração e nos pulmões. Uma mulher saudável que está grávida tem maior risco de ser hospitalizada com a gripe; durante o primeiro, segundo e terceiro trimestres de gravidez, o risco de hospitalização aumenta em um fator de 1,7, 2,1 e 5,13. Quando a gestante tem condições de saúde preexistentes, como diabetes ou asma, os fatores de risco aumentados são 2,9, 3,4 e 7,9 para os três trimestres3.
Se uma mãe grávida fica gravemente doente com a gripe, há maior risco de aborto espontâneo ou parto prematuro3-6. Um pequeno estudo de 10 nascimentos na China observou que a pneumonia materna pela COVID-19 no momento do nascimento foi associada a sofrimento fetal e trabalho de parto prematuro7. Novamente, se você estiver grávida e suspeitar que tenha COVID-19, informe o seu médico imediatamente.
Enquanto o bebê ainda está no útero, a placenta trabalha para proteger o bebê contra doenças. A placenta é um órgão incrível que permite que anticorpos da mãe passem para o bebê, mas na maioria das vezes a placenta impede que doenças passem para o bebê8,9.
No caso da influenza comum, também conhecida como “gripe”, um grande estudo hospitalar não encontrou evidências de transmissão transplacentária da infecção da mãe para o bebê10.
No caso da COVID-19, estudos iniciais da China sugerem que o coronavírus às vezes pode ser transmitido da mãe para o bebê, mas são necessários mais estudos, com grupos maiores de pacientes, para confirmar isso. O estudo11 mais frequentemente citado de Wuhan na China analisou 33 bebês nascidos de mães que estavam doentes com o coronavírus. Três desses bebês foram diagnosticados com COVID-19 ao nascimento, apesar do parto ter sido por cesariana. Mesmo com febre e pneumonia logo após o nascimento, todos os três bebês se recuperaram e apresentaram resultado negativo no teste para COVID-19 uma semana após o nascimento.
Após o parto, uma mãe que está ativamente doente com a COVID-19 pode transmitir o vírus ao recém-nascido através de contato próximo. Nessa situação, é útil que a mãe faça a extração do leite (com o uso de bomba elétrica ou manual, por exemplo) e que tenha o auxílio de um cuidador para alimentar e manusear o bebê até a mãe se recuperar.
Até onde sabemos, o sangue de cordão umbilical não contém COVID-19, mesmo que a mãe esteja doente no momento do parto. É importante esclarecer que há uma diferença entre os estudos que procuram informações sobre a transmissão da doença por COVID-19 entre mãe e bebê, versus estudos que testam sinais de COVID-19 no sangue de cordão; esses são dois tópicos separados.
Quando uma pessoa está doente com um vírus respiratório, é muito raro que o vírus apareça no sangue3,10,12. O sangue do paciente mostrará anticorpos para o vírus, mas não o próprio vírus. Por esse motivo, a FDA (agência reguladora americana) não recomenda13 testes para rastrear doadores de sangue assintomáticos para COVID-19. É extremamente improvável que o novo coronavírus apareça no sangue de cordão.
Um estudo de 200612 patrocinado pela Cruz Vermelha Americana é quase presciente na descrição da atual pandemia de COVID-19. O artigo prevê que, durante uma pandemia de gripe, o sangue doado estará seguro, mas haverá uma escassez de sangue devido à interrupção das operações nos hemocentros. É exatamente o que está acontecendo agora e, em resposta, a FDA relaxou suas restrições aos doadores de sangue14.
A garantia adicional de que o novo coronavírus não aparece no sangue de cordão umbilical ou nos tecidos neonatais vem de um estudo15 de nove nascimentos em Wuhan na China. Todas as nove mães apresentavam pneumonia por COVID-19 e seus bebês nasceram por cesariana. Enquanto os bebês ainda estavam na sala de cirurgia estéril, e antes de terem contato com suas mães, foram coletadas amostras de seus líquidos amnióticos, amostras de sangue de cordão, e amostras de suas gargantas coletadas com swab. Mais tarde, o leite materno foi coletado. Todas essas amostras apresentaram resultado negativo para COVID-19, com o uso do teste CDC e do teste de RT-PCR interno do hospital15.
Portanto, se uma mãe apresentar COVID-19 durante a gravidez ou mesmo durante o parto, ela não precisa se preocupar que o vírus esteja presente no sangue de cordão umbilical ou nos tecidos da placenta e do cordão umbilical.
Mais uma vez, a placenta é incrível: ao mesmo tempo em que protege o bebê da doença, permite que os anticorpos da mãe entrem no sangue do bebê8,9. O bebê herda o sistema imunológico de sua mãe e tem resistência à maioria das doenças que a mãe resiste, até cerca de seis meses de idade.
Se a mãe tiver imunidade à COVID-19, provavelmente o bebê recém-nascido também terá. Qualquer mulher que teve COVID-19 e se recuperou da doença possui anticorpos protetores. Um pequeno estudo em Wuhan na China confirmou que, quando 6 mães que estavam doentes com pneumonia por COVID-19 deram à luz, todos os bebês tinham anticorpos para COVID-19 no sangue16.
Esperançosamente, um dia haverá uma vacina contra a COVID-19, e se a mãe tiver recebido a vacina, ela também deverá proteger o recém-nascido. Estudos demonstraram que as vacinas contra influenza sazonais dadas a mulheres grávidas reduziram bastante as infecções por gripe nos recém-nascidos, e a vacina é eficaz quando administrada pelo menos duas semanas antes do nascimento5,6.
Sim, os bancos de sangue de cordão modificaram seus formulários e questionários de história de saúde materna para perguntar sobre a possível exposição ao novo coronavírus, mesmo que não se espere que o vírus apareça no sangue de cordão umbilical ou nos tecidos do pós-parto. A filosofia é coletar as informações agora, caso elas se tornem importantes posteriormente.
A maioria dos bancos públicos que coletam doações de sangue de cordão precisaram modificar seus procedimentos devido à COVID-19, simplesmente para reduzir o contato pessoa a pessoa. Por exemplo, entrevistas de consentimento materno podem ser realizadas por telefone. Se você planeja doar o sangue de cordão ou a placenta do seu bebê, verifique com antecedência para descobrir como o programa está operando no hospital do seu parto.
Os bancos privados/familiares de sangue de cordão não precisaram modificar seus procedimentos de coleta, porque o sangue de cordão é coletado pela equipe que estará na sala de parto de qualquer maneira.
Os bancos de sangue de cordão são serviços essenciais que continuam a operar. Ironicamente, a pandemia de COVID-19 não exigiu nenhuma alteração nas operações laboratoriais dos bancos de sangue de cordão, mas os bancos tiveram que fazer adaptações em relação a suas logísticas e gestão de pessoas.
Quando o sangue de cordão ou o tecido neonatal chega no laboratório para o processamento, ele é gerenciado com proteções padrão contra patógenos transmitidos pelo sangue. Isso inclui o uso de equipamentos de proteção individual pelos funcionários, e a manipulação de amostras de sangue e tecidos dentro de um ambiente controlado e limpo. Portanto, não é necessário tomar precauções adicionais.
Entretanto, o transporte do kit de coleta para o laboratório pode apresentar dificuldades durante essa pandemia, especialmente se o kit precisar percorrer longas distâncias ou atravessar fronteiras internacionais. Os pais devem conversar com seu banco para planejar essa logística. A maioria dos hospitais está restringindo a entrada para permitir apenas o acesso de pacientes e funcionários, o que significa que as transportadoras dos bancos podem não conseguir pegar os kits de coleta no quarto do hospital ou em outro ambiente hospitalar. Há relatos de que, com frequência, alguém próximo à mãe precisa levar o kit para fora do hospital e entregá-lo ao responsável pelo transporte.
Quando um kit de coleta contendo sangue de cordão ou tecido neonatal chega em um laboratório, ele é colocado em uma zona de recebimento especial, longe das áreas de trabalho regulares, caso a parte externa do kit esteja contaminada com coronavírus. O pessoal designado abre cuidadosamente os kits e transfere as amostras de sangue de cordão e tecido para o laboratório.
A maior preocupação que os bancos de sangue de cordão estão enfrentando é a possibilidade de que sua equipe fique doente com a COVID-19. O pior cenário seria um membro da equipe infectar outras pessoas no trabalho. Para evitar isso, técnicos de laboratório foram designados para equipes que não têm contato entre si. Mesmo que uma equipe inteira seja exposta e precise ser colocada em quarentena, as outras equipes poderão continuar trabalhando. Áreas comuns no local de trabalho, como vestiários ou refeitórios, são limpas repetidamente com desinfetante hospitalar. Os funcionários trabalham remotamente ou seguem as diretrizes de distanciamento social.
Durante a pandemia de COVID-19, muitos pais estão mais atentos às formas pelas quais eles podem proteger a saúde do bebê e, como resultado, vimos um aumento de perguntas sobre o armazenamento de sangue de cordão. No entanto, as chances a longo prazo de usar o sangue de cordão ou os tecidos neonatais do seu filho não foram modificadas pela COVID-19. A motivação básica para o armazenamento do sangue de cordão é que ele pode beneficiar pacientes que precisam de doadores ou pode ser uma forma de seguro de saúde para sua família.
Links para Recursos:
- AABB: Coronavirus and Blood Donation
- ACOG: American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) Practice Advisory
- ASH: American Society of Hematology COVID-19 Resources
- ASTCT: American Society for Transplantation and Cellular Therapy COVID-19 Interim Patient Care Guidelines
- Be The Match: Response to COVID-19
- CDC: Coronavirus (COVID-19) | Pregnancy and Breastfeeding
- COVIDplasma.org: How to donate COVID-19 convalescent plasma
- FACT: Foundation for the Accreditation of Cellular Therapy COVID-19 Update
- FDA: Updated Information for HCT/P Establishments Regarding the Coronavirus 2019 Pandemic
- Flourish: COVID-19: free live mobile-friendly visualizations
- MassGen: Massachusetts General Hospital | Coronavirus (COVID-19) During Pregnancy
- JHU-CSSE: Johns Hopkins University COVID-19 global case tracker
- Red Cross: Staying Safe and Helping Others During COVID-19
- WHO: Q&A on COVID-19, pregnancy, childbirth and breastfeeding
- WMDA: World Marrow Donor Association Medical Suitability Recommendations
Referências:
- ACOG Clinical Guidance. Novel Coronavirus 2019 (COVID-19). Practice Advisory. Last updated 2020-03-13
- Maragakis LL. Coronavirus Disease 2019 vs. the Flu Johns Hopkins website sourced 2020-04-08
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